quarta-feira, outubro 31, 2007

Um tempo no tempo...

A noção do tempo, tempo...palavra que não diz bem se é sol ou chuva ou se é presente ou passado...
Não tenho muito tempo mas penso muito durante quase todo o tempo...
E na vida aquilo foi um tempo,
um momento durante um certo tempo...
Fico deveras surpreendido comigo mesmo por não me obrigar a fazer esquecer todo o tempo em que eu não estava sózinho neste mundo fora do meu tempo...
Tenho tempo, sentimento e pensamento para saber qual o sentido impregnado nesta palavra tempo que repito quase que a querer rimar mas sem o poder da poesia...
...
Há coisas que o tempo não devora nem espaça dois seres... escavando fossos pelo meio...
É um rio que corre para o mar, são duas margens separadas...
E por isso existem as pontes...para unir dois lados, duas margens ou dois seres...
mas...
as pontes tem de ser construidas...conquistadas...um bocadinho hoje e mais um bocadinho amanhã...e um dia, quem sabe?
Nem eu sei, apenas acho que só eu sei o que estou para aqui a dizer...
...
Basta ter amado um momento, durante um certo tempo...

quarta-feira, outubro 24, 2007

Tempo diferente...

Hoje amanheceu num tom de cinzento carregado,
chuva e algum frio...
É o tempo dele e dela...
É neste tempo que as moscas andam doidas e viscosas,
ontem despachei algumas...irritam,
mas talvez este tempo dê conta delas...
Acho que hoje vou comprar castanhas,
vi ontem numa loja castanhas com bom aspecto,
assim daquelas grandes e redondinhas,
agora só falta ficarem boas e quentinhas,
talvez logo, talvez sábado...
Por agora, a rotina do costume...
Sou contra tudo o que é rotina ou tudo que se torna rotina,
melhor dizendo...
Mas porque é assim?
É assim porque não podemos mudar tudo assim a curto prazo...
Os bancos emprestam dinheiro, mas Deus não empresta uma nova vida...
Assim se nasce, assim se morre...menos o Bill G. é claro...
Este ou fez um pacto com o diabo ou então é um fugitivo da área 51...
Mas isso são outras histórias,
só queria falar deste tempo e não divagar com outras histórias de outros tempos...

domingo, outubro 21, 2007

Divagar...

Gosto muito das minhas pequenas coisas, das pequenas grandes coisas...
São coisas muito importantes para mim...
Não gosto muito de hoje dizer uma coisa, uma coisa sentida...E logo depois ser obrigado a dizer o contrário para me proteger neste mundo estranho...
Mas eu entendo...
Entendo mas não tenho bem a certeza, preciso sempre dum sinal...
Preciso ser cúmplice no segredo...
Preciso fazer parte...

quarta-feira, outubro 17, 2007

Quando alguém parte...

Já li algures coisas que dizem que há pessoas que passam na nossa vida,
por apenas um tempo que pode ir de um dia, uma semana ou uma vida inteira...
Sabemos que chegaram mas nunca sabemos quando tem de ir embora...eu nunca soube...
Hoje tenho em memória a figura que mais se parecia com o meu pai caso eu tivesse pai, ter tive... um pai biológico é claro mas não passou daí...
Em contrapartida o meu padrinho ia fazendo o equilibrio desde me ensinar as primeiras letras, desde corrigir o meu vocabulário, desde ser meu amigo quando eu precisava de falar com alguém mais velho do que eu, foi assim durante muitos anos...
Hoje lembrei-me dele, vai fazer 13 anos que ele teve de ir embora...para sempre...
Dias antes, uma ambulância dos bombeiros veio busca-lo a casa, como ele não conseguia caminhar, foi transportado por eles na descida da escada, estava eu a chegar...ele foi na ambulância sentado junto á janela, não precisou de ir deitado...
Eu segui atrás e cheguei ao hospital pouco depois, mas antes disso, segundos antes de a ambulância seguir caminho, ele olhou para nós que estavamos na rua junto ao portão da casa, ele lentamente levantou a mão e acenou, mas não num até logo e sim num adeus...ele sabia, eu li no olhar dele mas não quis acreditar...nunca esqueci esse olhar, é como se agora o tivesse a ver...
Eu não sabia que não iamos voltar a falar pois ele entrou no hospital e de lá não voltou a sair...pelo menos como nós esperavamos...
Não voltei a falar com ele nos dias em que ele lá permaneceu visto estar sedado e dizer coisa com coisa...
Desde então nunca vou ao hospital, não quero ir, é como se eu soubesse também que se lá eu entrar não voltarei a sair, não me deixarão sair...
Muita coisa ficou por dizer a ele e sei que ele mais coisas tinha para me dizer...
Talvez se a eternidade existir haja ainda a esperança de voltarmos a ser...

sexta-feira, outubro 05, 2007

Sem nada...


Apetece-me escrever, escrever sem parar mas muitas vezes fico imóvel somente a olhar para isto mas no meu pensamento as palavras desfilam sem parar...
Não é só o dia de hoje que me deixa triste pois não tem nada a ver com o hoje, são coisas do passado, passado recente...
Vivo uma ilusão e ao mesmo tempo um martírio, já não acredito em nada, aquilo que eu vejo e vou vendo acaba por fazer mais sentido do que aquilo que eu oiço, as palavras enganam e ferem como punhais, mas ao mesmo tempo eu não sinto nada, apenas um vazio que se instala dia após dia, não me apetece mexer daqui pra fora, não há sitio para onde ir nem sitio onde ficar, o passado existirá e o futuro pode acontecer, mas este hoje de agora não é nada, não tem nada para mim, é vazio e constante e isso tira-me qualquer possibilidade de ver uma nesga de futuro no horizonte, e já agora, porque o horizonte é sempre para a frente ou neste caso, porque a vida é em frente e não para cima?
As coisas deixam de fazer sentido, é como que se a música que me fazia inspirar já não soasse a nada...é um desejo de desaparecer daqui e ir para bem longe, longe da confusão desta engrenagem a que chamam justiça e civilização...
Ás vezes acho que nascemos e morremos numa rotina repetitiva e a maior parte da vida não é vivida no nosso mundo mas no mundo dos outros com as regras duma minoria para uma maioria...
12 meses, segunda a sexta mais sábado e domingo, impostos todos os dias...
Mais uma vez olho para aqui e paro um pouco...
para quem é perfecionista como eu, estou muito aquém pois nesta minha secretária jazem amontoados de papeis, panfletos, contas para pagar, mais contas, 3 livros e outros objectos além de algumas migalhas de pão...isto não acontecia antes pois nesse antes, tudo estava mais ou menos no sitio e arrumado e o pó não era muito...
Lembro-me de há uns 7 anos atrás ficar desiludido com certas coisas na vida, a decepção foi muita, acabei por me rodear doutras formas de vida que acho sublimes, um aquário com dois peixes, já não sei bem se era um ou dois, tinha uma planta esquisita num copo com um gel cor de laranja, um canário e uma caturra, tudo aqui ao pé de mim, para mim era um pequeno mundo com que eu podia contar nas horas de refugio que eram nada mais do que os intervalos entre as rotinas num mundo que já não queria como meu...
E hoje volto a não querer nada disto...tão diferente que eu estou...
Lembro-me que num passado não muito longínquo, por muito que me custasse levantar da cama cedo para ir para o trabalho, quando chegava um feriado ou um fim de semana, eram 7 da manhã e já estava a pé e sem sono e o meu dia começava cedo e se fosse Verão maior era o meu dia, e é claro que net não havia e tlm ainda não, tinha o bricolage, livros além de outras coisas mais e havia tempo sempre para a família que não era muito numerosa e por isso havia mais contacto amiúde, agora é tudo diferente, quem casou descasou ou nem por isso, as dificuldades da vida fizeram cada um ficar no seu cantinho, passa-se um dia, outro e mais outro e é um cá e outro lá...
Mais parecemos estranhos, agora...
Quantas vezes disse eu que tenho saudades de mim?
Do tempo em que a vida não parecia nada ser difícil de ser vivida e tudo corria bem...mas não sou só eu...isto é só um desabafo...
Estou a divagar por um montão de coisas...Não sei se vale a pena ficar aqui á espera da seg feira ou se mais vale ficar apenas por aqui...
Nada me faz rir nem nada me faz chorar, mas é uma tristeza, uma tristeza que não dói ou se dói, então eu já não sinto...nada...
É uma sensação que não é bem de perda, mas sim como se me tivessem dado algo, algo que eu acreditava muito e depois me tirassem o algo que me deram deixando-me ali especado a olhar incrédulo...
Não acreditar em nada é mau, eu sei isso e sinto isso...
Talvez hoje aconteça algo que me faça mudar de ideias pois eu sou assim, um dia estou num extremo, no dia seguinte já posso estar no outro...
Talvez aconteça mesmo algo, algo que ponha em marcha novamente todo o meu ser da forma como me conheço...
Quando nada acontece, tudo se resume num talvez que é um sim e um não...