segunda-feira, maio 07, 2007

Outubro 1999...

3 pontinhos...
Uma pausa no falar, no dizer por assim dizer...

Estava eu em 1999, fui á disney de Paris...eu sempre quis ir ver aquela merda, (isto de merda só surgiu depois de lá ter ido...) E lá fui eu com algumas pessoas amigas, uma delas já lá tinha estado e por isso eu relaxei o programa das festas e foi assim que me fudi...
No aeroporto Francisco Sá Carneiro apanhamos o avião até o aeroporto de Charles de Gaulle...
Fomos fora do programa pois este exigia a partida de Lisboa, mas como enjoo nas viagens preferi ir a partir do Porto...
Embarcamos todos, pra mim era novidade embarcar num avião, os lugares eram para três de cada lado e as janelas eram muito pequenas e não tinham coiso para as abrir, sentei-me no meio e reparei que se me acomodasse ao "recinto" iria por os meus cotovelos na coisa de os por, mas...e quem fosse dum lado e do outro?
Não tive tempo pra pensar, aquilo avoou por ali fora e eu nem tinha decorado como se fazia em caso de tragédia, mas logo logo os garçons, digo...os comissarios de bordo fizeram chegar os carrinhos com a comida...lol...era massa meada com peixe cozido, tudo num tabuleiro pequenino que continha uma saqueta de sal, pimenta, molho de tomate, salsa picada e por picar, palitos e um copo de água com tampinha no lado de cima, sopa, pão, doce, salada, e uma pequena ave ressequida que eu não sabia se era para comer ou se era para usar ao peito pendurada com um fio de cor preta...
havia vinho também e depois trouxeram café e umas garrafinhas de coiso...lol...
abarbatei meia duzia delas...
mas...já contei o que se passou no portal de embarque quando o meu canivete Suiço fez cantar o alarme lá deles?
Mas tirando isso, eis que chegamos aonde teriamos que chegar...
O avião que era um Boing, fez um TRUNC dos grandes ao colar-se ao asfalto da pista...
depois andamos quase 15 minutos em pista, passando por cima de autoestradas etc etc...
Foda-se...pra isso tinha vindo de carro...
Lá paramos no sitio que deviamos parar, saí de lá e fui atrás das malas, tinha aquilo cheio de rissóis e panados, eram meus...meus...
Como não tinhamos seguido á risca o programa da agencia de viagens, tivemos que sair no sitio onde saímos e fomos de Vagonette e de Metro, chegamos ao sitio onde deviamos chegar era para aí mais de meia noite...
E dar com o sitio onde era o mais sitio de lá ficar?
Era uma da manhã e algures só se ouvia um ruido...Trunc Trec Trunc...era a minha mala com rodinhas em cima da calçada americana...digo, francesa...
Com imensa dificuldade lá consegui saber onde era o Sequoia Lodge...
Lá chegamos e eu fiz a festa ao perguntar aquilo que não digo agora...
chegamos ao quarto, a decoração era a condizer com a Disney, as mantas e os cortinados tinham motivos do tico e do teco, á frente havia um armario que quando aberto mostrava uma tv das grandes, perto da casa de banho (lol, roubei os sabonetes e aquelas merdas todas)... havia um frigorificozinho castanhinho, não o consegui abrir e só passadas duas horas é que vi que aquilo tinha de ser aberto lá na recepção...
fui lá e puff, deu-se um milagre...
enfrasquei daquelas coisa pequeninas...que noite...
De repente era dia e por isso já tinha amanhecido, desci pra baixo e na sala de pequenos almoços havia sacos de papel prontos a albergar meia dúzia de croissants e outros tantos de yogurtes...
fartei-me de andar a pé, não era permitido mastigar chiclet pois isso colava no chão, fui até ao parque temático...
Havia tanta gente e a fila era de largas centenas, para não dizer de dezenas...
A primeira coisa que andei, foi na montanha russa alusiva ao velho farwest...
só de pensar ainda me doi o fundo das costas, os vagons eram de madeira sem forros macios, aquilo era mesmo um cavalo de pau...
foi dada a partida e num ápice o comboio foi por lá fora em direcção a um túnel escuro que era a descer...
Havia uma máquina que tirava fotos de quem lá passava e á saída vi eu ali...
paguei num sei quanto...
era eu ali de mão agarradas ao suporte de madeira, de olhos arregalados e aterrados...
lol
Já rasguei a foto...
Não faltavam botecos onde vendiam souvenirs, algumas coisas comprei mas a colecção de porta chaves do Mickey veio emprestada, um a um...
Sem dúvida o que eu mais gostei foi do simulador de voo alusivo á guerra das estrelas, andei nisso 3 vezes até porque passado o fim de semana, na segunda feira havia tempo para ver e andar em tudo, a casa assombrada e a ilha dos piratas também foi divinal, gostei imenso também das cenas em três dimensôes, dispensei o resto das montanhas russas...
etc...
E a comida? Passei fome porque tudo custava uma fortuna, uma mera lata de cerveja rasca holandesa custava 45 francos, salvo erro, o café não prestava e por isso trouxe algumas chavenas de lá, trouxe também um cinzeiro de vidro made in france, e do restaurante Rain Forest, todo cheio de motivos alusivos á selva africana, trouxe o pimenteiro de porcelana, ainda tem pimenta e volta e meia eu a uso...O restaurante era nice mas muito caro, paguei 17 contos e meio por 5 refeições só de prato e bebida, eu comi umas coisas de costela que mais parecia de gato e batatas fritas ás rendinhas, elas comeram massa que era laçarotes com um molho esquisito, mas quem lia a ementa parecia que esse prato era abundante de comida mas eles só descreviam os componentes do molho, eu cá escolhi o que um chinês estava a comer ali numa mesa perto de mim, na volta era gato mesmo...
Durante o dia havia por lá uns botecos de comida, comi uma coisa que era metida numa massa de pão que parecia um bolso, já vi disso aqui e se chama pão pita, (está junto com o pão normal nos hiper) só que a massa desse pão era mais fina e resistente o que me fez lembrar a massa dos burritos...aquilo depois era enchido com o que me parecia ser febra de porco frita ás tirinhas e cebolada...comi alguns desses...
Havia uns guias com mapa das varias zonas assim como assinalavam lá os wc, era engraçado, havia a distinção entre os masculinos e femininos com os bonecos do costume, mas...as gajas tavam lá, lol...eram na maioria suiças, de pele branca, olhos azuis e cabelos loiros, mas loiros mesmo...
Conheci lá uma moça que fazia parte da "tripulação" do parque, estava ela no navio movido por pás, igualzinho ao do mark twain...não sei o nome dela e ja nem sei como ela era, mas soube bem ouvir o Português...
Bem, assim de repente não me lembro mais nada, por isso cá vamos de regresso...
No dia seguinte e já de malas aviadas cá fora do hotel, esperavamos o bus que nos levaria ao aeroporto, na paragem um casal Português traduzia o que alguém dizia, fiquei danado porque eu já tinha traduzido isso mas a senhora de ar queque fez de conta que todos eram tones...depois lá no avião ela continuou a traduzir...
Desta vez na viagem de regresso, o avião era maior mas de igual modo sem espaço nenhum, a comida excelente que nem falo dela, mas que a comi lá isso comi...mas não comento...o pessoal era brejeiro e aquilo mais parecia um café onde todos falavam e falavam e não havia sossego, era dia ainda e as nuvens pareciam os carneirinhos do costume...passado um bocado o nariz do avião inclina pra baixo indicando a perda de altitude que é como quem diz que vai despenhar-se caso não aterre bem, e não é que o pessoal calou-se? (ah, gosto da parte da turbulencia, todos se calam também mas a sensação que a turbolencia faz é muito parecida com aquela quando vamos de carro e saimos do asfalto lisinho e entramos no empedrado, é tal e qual)que sensação agradavel a de descer, o pouso foi suave e num instante lá estava eu á procura das malas no tapete rolante...e prontos, foi assim...

Vazio...

Hora do almoço, eu quase nunca almoço mas hoje até me apetecia, é que ao domingo eu nunca janto e por isso a fome é negra agora...
Por outro lado não me apetece ir pois não gosto de ir sozinho, gosto de companhia mas nem sempre pode ser assim e prefiro aqui ficar, pelo menos descanso que o desgaste tem sido muito...Também não estou grande coisa para conversar, ia gostar muito do silêncio na companhia duma pessoa especial...
Estou aqui mas estou ausente, estou algures não muito longe onde deixo pousar o meu pensamento...
Lembrei agora da letra da canção..."Não há machado que corte a raiz ao pensamento..."

A paciência para o trabalho não tem sido muita, já que se avizinham dias maus, tristes e infelizes, não sei se dói mais agora só de pensar nisso ou se será pior depois, também não consigo me alhear ás coisas, neste momento peço muito pouco...
Já sei que não resolvendo estes assuntos pendentes, que todo o resto será perdido,
não vale a pena querer mais do que aquilo que eu posso dar...
Com estas coisas encho-me de pena de mim próprio, mas...a pele é minha, é a mim que dói e não aos outros...
Os dias que virão, o dirão...

Entretanto continuo a minha saga...
É difícil enfrentar o dia a dia no plano laboral e sorrir para com os outros, falar com eles e fazer de conta que eu estou ali, pareço estar mas não estou...
Uso apenas a máscara daquilo que esperam de mim...

Em casa, a minha gata fita-me com os seus olhos de tigre, assim muito arregalados e assustados como se já tivesse esquecido que quando ela nem um palmo media, que era eu a companhia dela e que a alimentava com aquelas iguarias pra gato, ou talvez ela olhe para mim e me leia melhor do que eu mesmo posso contar a escrever...
Ontem foi assim...

Estiquei-me para trás na cadeira, fechei os olhos e deixei-me flutuar na cores que se formavam e por instantes adormeci...mas logo despertei visto já serem 14 horas e quem foi almoçar regressou...
É hora de partir...
Vazio, sem nada, sem motivo, sem animo...
Talvez algo aconteça pelo caminho, talvez o dia de hoje seja mais do que um dia de sol...

8 minutos...

É o tempo que tenho até ás 9h mas isso não quer dizer que saia disparado daqui, fico sempre mais um pouco, ora a escrever, ora a fazer algum trabalho remoto...
A escrita tem sido a minha fuga, a minha maneira de falar quando estou sózinho, no entanto não gosto de manuscritos e máquina de escrever foi coisa que nunca tive, quando o computador passou a ser uma ferramenta diária e logo a seguir apareceu a net, não só pude escrever da forma como gostava como também o podia editar algures...e assim fiz, muitas palavras desfilaram no meu monitor e ficavam lá no espaço virtual durante uns dias até serem consumidas pelo tempo...
Hoje, graças aos blogs, lá vou escrevendo quase diariamente aquilo que me vai na alma, quer seja no momento quer seja por mais tempo...não dá para traçar um retrato meu pois misturo as emoções como se de manhã estivesse zangado, de tarde estivesse triste e á noite imensamente apaixonado...sei que transmito muita insegurança e muita falta de gostar de mim, só eu sei como é estar aqui na enrrascada que estou e não ver maneira de sair dela, o peso do tempo que isto já leva começa a fazer danos,
espero que com isto ter aprendido a não descurar as coisas que fazem parte do mundo que não aquele mundo onde eu vivo e gosto de estar, se vivo em Roma tenho de me comportar como tal, não é?