Já li algures coisas que dizem que há pessoas que passam na nossa vida,
por apenas um tempo que pode ir de um dia, uma semana ou uma vida inteira...
Sabemos que chegaram mas nunca sabemos quando tem de ir embora...eu nunca soube...
Hoje tenho em memória a figura que mais se parecia com o meu pai caso eu tivesse pai, ter tive... um pai biológico é claro mas não passou daí...
Em contrapartida o meu padrinho ia fazendo o equilibrio desde me ensinar as primeiras letras, desde corrigir o meu vocabulário, desde ser meu amigo quando eu precisava de falar com alguém mais velho do que eu, foi assim durante muitos anos...
Hoje lembrei-me dele, vai fazer 13 anos que ele teve de ir embora...para sempre...
Dias antes, uma ambulância dos bombeiros veio busca-lo a casa, como ele não conseguia caminhar, foi transportado por eles na descida da escada, estava eu a chegar...ele foi na ambulância sentado junto á janela, não precisou de ir deitado...
Eu segui atrás e cheguei ao hospital pouco depois, mas antes disso, segundos antes de a ambulância seguir caminho, ele olhou para nós que estavamos na rua junto ao portão da casa, ele lentamente levantou a mão e acenou, mas não num até logo e sim num adeus...ele sabia, eu li no olhar dele mas não quis acreditar...nunca esqueci esse olhar, é como se agora o tivesse a ver...
Eu não sabia que não iamos voltar a falar pois ele entrou no hospital e de lá não voltou a sair...pelo menos como nós esperavamos...
Não voltei a falar com ele nos dias em que ele lá permaneceu visto estar sedado e dizer coisa com coisa...
Desde então nunca vou ao hospital, não quero ir, é como se eu soubesse também que se lá eu entrar não voltarei a sair, não me deixarão sair...
Muita coisa ficou por dizer a ele e sei que ele mais coisas tinha para me dizer...
Talvez se a eternidade existir haja ainda a esperança de voltarmos a ser...
quarta-feira, outubro 17, 2007
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1 comentário:
Sabes, tenho pai, mas não o vejo há muito anos, somos os dois orgulhosos e por isso não dobramos para falar um com o outro, não sinto muito a falta dele, mas às vezes penso onde estará, se está bem, a fazer o quê, e dá-me um aperto no coração...
Beijinho
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